domingo, 10 de junho de 2012

The Hurricane - SP 1987: Capítulo VII

Boa noite, meu nome é Marco e eu sou um bostinha narcisista.


Nunca me apresentei direito pra todos vocês. Muito bem, me chamo Marco Moretti, tenho 24 anos. Escrevo do escritório de minha casa, o qual me apossei, já que aqui mantenho meu computador, meus livros, cds,dvds e minhas coleções. Tenho um barzinho oculto dentro da estante, muito bem abastecido aliás.

Acho fácil escrever isso para vocês, mas não me peça para fazer uma lista de livros que eu leio, pois são tantos, nunca mais os contei (minha última conta, em 2008, apontava 177 livros, mas se passaram tantos anos e COM CERTEZA esse número cresceu, e MUITO).

Vocês podem me detestar, e fico feliz com isso, significa que ainda sobrou um pouco de dignidade e orgulho próprio por aí que os impede de aceitar a ostentação com resignação (procure no dicionário o que significa isso e verá um resumo da sua vida: resignação).

Às vezes me esqueço de como gosto de música italiana. Falei isso porque escrevo estas linhas ouvindo Loredana Perasso (“Grande, grande, grande”, se quiser procurar no youtube. Prefiro a versão da Mina, mas essa música é tão boa...). No fim das contas, gosto de ficar em casa aproveitando minhas coisas. Sou tão solitário nessa minha opção sibarita de viver sem me prender a ninguém que acabo criando companhia em objetos que eu mesmo compro por aí. É inexplicável o amor que eu sinto pelo meu aparelho de som, mas tenho poucas oportunidades de ouvi-lo tocar melodias que vocês não conhecem, talvez os pais de vocês devam conhecer, o que não exclui, por exemplo, o cd novo do Snow Patrol de tocar por aqui. Chamo isso de passar o tempo com a pessoa que mais amo no mundo: EU.

Fui fazer compras neste feriado. Trenchcoat, suéter de gola fisherman, luvas, lenços e tudo mais. Mas fiz uma boa ação, doei minhas roupas antigas. Incrível como tinha roupas guardadas há tanto tempo. Doei uma camisa que ainda tinha a etiqueta de compra. Tropecei nela enquanto passava com uma pilha de blazers, fiquei tão puto que não queria nunca mais ver essa camisa na minha frente. Agora, algum carinha aí deve estar feliz da vida com uma camisa novinha. Ódio produtivo, faça alguém feliz com ele. BABAQUICE.

[Nossa, nesse cd de música italiana tem “La Bambola” da Patty Pravo, ganhei meu dia.]

Hoje não quero comentar as baladas que tenho ido. Li num desses guias os comentários das baladas que frequento. TODAS diziam algo assim: “procurada por um público acima dos 30 anos”. Fiquei tão feliz, odeio, ODEIO ir em baladas e encontrar o elenco do Glee. Hoje queria apenas dizer que sou real, que tudo isso que escrevo eu realmente vivi e vi. Eu poderia vir aqui e escrever sobre como tive um caso com Ornella Vanoni (ah Ornella!) mas seria mentira. O que é real pra mim sempre foi mais fantástico, mais impossível. Por isso sinto-me tão velho e cansado, acho que já até falei disso com vocês. Antes de fazer compras, tomei 1 comprimido e uma dose de Jack Daniels, pois me sentia tão sem paciência pra fazer compras (sim, até pra isso) que precisei me dopar um pouco. No táxi vi São Paulo toda cinzenta, chuvosa e deprimida que fiquei pensando em como desperdiçamos nossa vida miserável andando pra lá e pra cá seguindo horários e ordens. Somos escravos de um trânsito caótico e prisioneiros de uma violência que ninguém parece perceber. Meu segurança só existe por causa dela.

Problemas geram soluções. Não para você, mas para quem vive deles.



Eu queria mudar de vida. Parar de fumar, de beber, de me entupir de calmantes e dormir dias inteiros, de ficar rodando por aí com homens e mulheres de no mínimo 10 anos mais velhos. Se eu pudesse ser alguém eu seria assim: Caipira, bonito e burro.

Caipira: um mundo reduzido, funcionando em sua particularidade. Eu precisaria me preocupar apenas em ir às missas nos domingos, estar penteado para as festas que raramente acontecem, ver a minha plantação crescer e trabalhar a terra para meu próprio sustento. Controlaria meu tempo, seria senhor de mim e de meu pequeno espaço. Não sonharia com poltronas de couro e lareiras em mármore, afinal de que isso me serviria? Veria o sol se por da minha janela, fumaria cumprimentando a lua. Seria feliz nessa mediocridade.

Bonito: Não se precisa de mais nada quando se é bonito naturalmente. Apenas sorria, as pessoas serão amigáveis com você. As mulheres vão querer dar pra você. Os homens vão fantasiar que são iguais a você e mais, vão sonhar estar dando para você.

Burro: Como almejar o impossível se você não tem capacidade de imaginar nada além do mundo em que você vive?

Mas não: Sou cosmopolita, urbano, instruído e produzido. Isso é, nunca estar satisfeito sempre querer coisas que não são possíveis, sempre sentir uma melancolia depois de conseguir. É cercar-se de coisas tolas, impor uma lógica à natureza e viver escravo dela.

Rousseau tinha toda a razão.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

The Hurricane - SP 1987: Capítulo VI


Eu sou a representação da desilusão provocada pela lucidez.

Caminho sozinho por essa vida de merda, de interesses e falsidades. Tudo é vazio. Tudo é como joia folheada barata. Tudo é uma grande mentira que faz com que vocês, reles mortais, sejam felizes. Eu sou superior às suas crendices em felicidade, amor, Deus, amizade e tudo o que você usa para disfarçar que no mundo fora do seu apartamento é cão comendo cão (no mal sentido, diga-se de passagem).

Não vou falar sobre tudo o que eu disse nos posts anteriores, também já me cansei dessa ladainha. Esse post será apenas para insultar vocês, crentes em todas essas bobagens.

Você sonha em encontrar o amor da sua vida. Casar, ter filhos e uma casa com pelo menos 2 quartos. Eu vejo isso assim: casa bagunçada, já que vocês dois trabalham e não tem dinheiro para pagar uma empregada, enquanto seu filho vive na casa da sua mãe, já que tempo pra cuidar dele vocês também não tem. Depois, mais um filho, afinal depois do casamento e da suposta fidelidade acidentes acontecem. Aí surgem brigas. Seus filhos vendo tudo, os insultos, as agressões. Por fim, o divórcio. As crianças vão crescer traumatizadas, vão se odiar por terem se dividido no período de separação, e um por causa de um dos seus passatempos preferidos, falar mal do ex. Seu sonho desmoronou, e você nem sofreu por isso, pois a raiva tomou conta de você e por causa da sua busca mesquinha por atingi-lo vária pessoas saíram feridas. Parabéns, o mundo é assim mesmo.

Sobre amizade falei no post anterior. Leia, se você tiver interesse.

Deus. Você culpa Ele por todo o infortúnio que acontece. “Deus não quis que eu arrumasse esse emprego”. “Deus não me deixou nada de bom, só sofro nessa vida”. Ou você espera que ele resolva seus problemas, afinal, “Deus proverá”. Até quando você vai culpar ou confiar sua vida em uma entidade que não dá a mínima para sua vida de merda? Você não conseguiu esse emprego porque você não tem estudo ou postura para ele. Você só sofre porque é um escroque, inútil, vazio. Se Deus existisse, ele ia se preocupar em fazer você ganhar na loteria? Acredite, sua vida é miserável, ou não, por sua responsabilidade. Não foi Ele quem curou sua tia com câncer, mas toda aquela quantidade de medicamentos que ela tomou durante o tratamento. Não sou marxista, mas acredito que a religião é uma droga viciante, como uma cocaína.

Não quero dormir, não tenho sono. Tenho dor, minhas entranhas doem de ódio e meus remédios acabaram. Amanhã, vestirei um blazer preto, jeans preto com lavagem, sapatos, camisa branca, gravata slim preta e óculos escuros. Vou até fazer a barba, uma pena, pois meu estilo “rebelde sem causa” me encantava. Por fora, estarei impecável. Queria fumar a noite inteira, acabar com meus pulmões. Na verdade, queria acabar com alguém. Já que vocês estão aí, podem ir dormir me xingando por falar mal das suas tolices. Façam bom proveito.

Meu nome é Hurricane. Não acredito em Felicidade, Amor e Deus. Sou quase feliz. Agradeço ao Capitalismo, ao Iluminismo, ao Niilismo e até mesmo ao Positivismo por tudo isso que sou hoje.

Sou um bostinha. BOSTINHA.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

The Hurricane - SP 1987: Capítulo V



Hoje estou puto. Ou melhor, essa semana estou puto.

Sabe quando você acorda e percebe que o mundo conspira contra você e tudo dá errado? Tudo é feito para te chatear, desde sua mãe te incomodando com coisas fúteis até o seu chefe que, como meta profissional,te exige o impossível.
Bem, isso faz parte da sua vida imbecil, afinal bancar o coitado faz parte de um dos seus talentos para levar essa sua vida miserável adiante. “Faço tudo certo, mas os outros me atrapalham.” Muito bom, TODO mundo quer impedir que seus objetivos desprezíveis sejam alcançados. Não é querendo ser antipatriótico, mas essa conversinha é típica dos brasileiros. Vejam os Big Brothers campeões, são muitos que conquistaram o público porque foram as coitadinhos do programa. Odeio esse costume.

Mas e aí? Qual a diferença entre eu e vocês? Simples, estou puto por que me deixei enganar mais uma vez. Eu sou um idiota.

Mas um idiota com ideais, não qualquer idiota. Vou explicar.

Vocês têm amigos, muitos deles. Seus colegas de trabalho, amigos do colegial, colegas de faculdade e até ex-peguetes. Você os ama, são sua segunda família, eles te entendem, te ajudam e escutam suas choradeiras inúteis. Alguns até tem emprestam dinheiro que vocês não pagam. Isso é lindo, admiro muito tudo isso em vocês, sério mesmo, palavra de honra. Mas um dia, seu melhor amigo, aquele pra quem você confiou segredos íntimos, aquele com quem você combinou sua velhice e achou que as suas namoradas passariam, mas ele estaria ali, sempre disposto a dividir uma cerveja (que aliás, é horrível, mas vocês tomam pela amizade) e rir de besteiras que vocês dizem um para o outro quase como um galanteio, ele mesmo, vai embora.

Por que ele vai? Essa é mais uma das maldições que ganhei com o dom da lucidez.

Você se tornou desinteressante, o prazer da novidade passou e o que sobrou foi você mesmo. A sinceridade da sua presença e do seu sorriso de boas-vindas é agora tão monótono para esse amigo, ou grupo, que você que era o cara mais divertido se tornou chato. Chato o suficiente para ser trocado por aquele que faz novas piadas e ri alto o bastante pra fazer você ficar envergonhado quando estão num bar. Logo ele virará as costas pra você e o sentimento de vazio é imenso. Mas você mesmo pode ter feito isso com um monte de gente, nesse caso, você merece coisa muito pior: merece morrer sozinho, encontrado pelo seu mau cheiro cadavérico.
Isso me dá outra questão de presente, o motivo pelo qual viram-me as costas. É simples e difícil de assumir: sou maduro demais para a minha idade. Sou um velho, carcomido por anos de decepções e vividos numa solidão cenobita dedicada a estruturar um possível futuro glorioso. Aí tem uma mentira escondida, na verdade eu era gordo, chato e feio. Ninguém ia com minha cara. Muito obrigado a todos os meus colegas de escola por ter me desprezado durante alguns anos. Vocês me fizeram amadurecer antes de vocês, ou seja, pra mim, todos vocês são crianças tolas.

A vida é assim, você será passado para trás por todos aqueles que você conhece. Eu cobrei das pessoas a mesma maturidade que eu tenho. Mas todos são jovens o bastante para me considerar chato, insuportável e mal humorado. Deixo claro que neste blog apenas despejo minhas desilusões, não sou tão niilista assim todos os dias. Eu só queria a sinceridade de um abraço de amigo, de um olhar cúmplice e toda aquela bobagem. Mas as pessoas buscam a futilidade, o deboche e a infantilidade. Eu não quero terminar meus dias sozinhos, mas minha consciência extremamente racional me puxa para este mundo selvagem onde cada um vive para si mesmo. SEMPRE me vejo sozinho, sem ninguém, tendo que enfrentar tudo e todos, sentindo o peso de minha própria mente caindo sobre mim e sobre meus “amigos”.

Busco essência nas pessoas. Busco pessoas de verdade, não situações. Não entendo como posso chamar de amigo alguém que só serve para dividir mesa de bar? EU SOU UMA MULTIDÃO DE SENTIMENTOS E UMA PERSONALIDADE DE TREM-BALA. As pessoas querem amigos para determinadas situações. Conheço gente que se faz de amigo para filar cigarros, por que os pais não sabem que fuma. Outro tem amigo apenas para filar maconha, pois a mãe é delegada. Amizade hoje em dia é isso: SITUAÇÃO.

Sabe de uma coisa? Aquele amigo que te deixou porque você amadureceu está bem, muito bem. Ele se diverte mais, ri mais, bebe mais e conheceu mais pessoas do que conheceria se ainda estivesse com você, afinal, nada mais confortável do que manter tudo como está. Essa felicidade alheia te machuca.

Por isso estou tão puto. ESTOU VELHO.
Vejo meus amigos agirem como jovens de 18 anos e penso: Já fiz tudo isso, é perda de tempo. Sinto-me rejeitado em minha velhice precoce, a um passo de ser largado para trás. NÃO QUERO FICAR SOZINHO.

Mas eu vou.

Vou remoer minha frustração calado. Já tenho resultados disso. Fiz uma endoscopia dia desses, descobriram uma inflamação bem grande no meu estômago Ele dói enquanto escrevo esses texto, juro, dou minha palavra de honra mais uma vez. Isso é bom, não vou suportar mais anos vivendo na solidão e guardando para mim os meus pensamentos. Sei que preciso de ajuda psicológica, mas não quero NINGUÉM dizendo como devo agir baseado em um bacharelado. Quero ficar assim, já que minha vida vazia não tem mais jeito.

Comprei uma bota cowboy muito bonita. Mandei vir de Brasília. Número 41. Já tenho sapatos o suficiente, um deles só usei uma vez, um Oxford Di Pollini que me custou 250 reais. Mas quero mais, quero me sujar com tudo de bom que Capitalismo pode me trazer. Se não posso ser uma pessoa de verdade, já que enjoa, serei aparência, apenas isso. Recuso-me a ser situação, minha personalidade não vai ser abalada por conveniências sociais. FODA-SE VOCÊ QUE FAZ ISSO!!

Eu e uma amiga decidimos celebrar a falta de amor nesse mundo em uma balada. Quero perder minha dignidade ali. Pegar geral: piriguetes, malhadinhos, moças bem resolvidas, hostess, bombeiro, enfim, o que passar na frente. Só saio de lá se estiver coberto de chupões e um olho roxo. Depois conto para vocês.

Por enquanto, continuo assim, só. Enfrentando o trabalho, pois ainda tenho esse fardo. Ainda mais agora que uma vagabunda foi contratada. Sim, ela é a novidade, ela é a causa de tudo. Vadia, eu sei por que você está lá, sei que muitas de vocês entram naquela empresa para conseguir levar alguns sujeitos até meio famosos para a cama. Faça bom proveito, ainda vou rir do tombo que você vai levar. E sozinha.

Apesar de 2 comprimidos de Ranitidina, meu estômago não parou de doer. Um cigarro deve ajudar, aliás, sempre ajuda.
Amanhã será o “Dia Internacional da Fritura”.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

The Hurricane - SP 1987 : Capítulo IV


"A felicidade é uma ilusão de ótica, dois espelhos que refletem entre si a mesma imagem do infinito. Nem tente buscar a imagem original, não existe nenhuma.
Não diga que a felicidade é efêmera. A felicidade não é efêmera. O sentimento que se sente e é tomado como felicidade quando se está apaixonado, quando se teve sucesso em alguma coisa, é uma liberdade condicional antes de conhecer a pena: o ser amado não se parece com nada, o que você conseguiu não serve pra nada. Isso não a faz infeliz, mas consciente. A felicidade não acaba, ela se retifica.
Nós inventamos a luz para negar a escuridão. Colocamos as estrelas no céu, plantamos postes a cada dois metros nas ruas. E lâmpadas dentro de nossas casas. Apague as estrelas e contemple o céu. O que você vê? Nada. Você está diante do infinito que seu espírito limitado é incapaz de conceber, de forma que você nada mais enxerga. E isso o angustia. É angustiante estar diante do infinito. Fique calmo; os seus olhos sempre encontrarão as estrelas obstruindo a trajetória deles e não irão mais longe. De forma que o vazio dissimulado por elas será ignorado por você. Apague a luz e arregale os olhos ao máximo. Você nada verá. Apenas a escuridão, a qual é mais percebida do que vista por você. A escuridão não está fora de você, ela está em você."


Lolita Pille - Hell: Paris 75016

The Hurricane - SP 1987: Capítulo III


Domingo fez um dia de sol. Percebi isso enquanto voltava para casa, passando pelo parque. Todo mundo vai ao parque para se divertir com as crianças, os idosos vão para caminhar (já que os médicos recomendaram alguma atividade física, e depois que inventaram esse negócio de "3ª idade ativa", todos vão andar em passos vagarosos na pista de cooper) e alguns vão só pra curtir o "contato com a natureza", mesmo que seja apenas alguns patos e um lago podre.


Eu estava voltando da balada. Vestindo uma calça e camisa pretas, um sapato que estava impecavelmente engraxado antes de passar por algumas vias de terra para chegar ao caminho asfaltado do passeio, e um óculos escuros da Chilli Beans (não o enorme, o mais discreto). Quando acendi um cigarro, muitos passaram olhando e xingaram. Fodam-se, tô fazendo meu caminho de volta! Tinha ouvido dizer que havia um ponto onde os marombadinhos do parque se pegavam, mas não sabia direito onde ficava. Nem me arrisquei a entrar naquelas trilhas pra descobrir. Ainda mais com meu Ferracini novinho...


Mas a balada foi boa. Enquanto fazia meu caminho de volta, pensei em como foi minha noitada...


Não vou perder meu tempo dizendo o que fiz antes de ir pra lá, digo que demorou 1 hora para meus amigos decidirem ir para uma balada na Serra da Cantareira, o chamado "Velhão". É uma espécie de point onde um pessoal se reúne para fingir que estão em Campos do Jordão durante o ano todo. Depois que um monte de celebridades passaram a frequentar o lugar, e suas fotos começaram a enturpir as paredes dos barzinhos, o lugar passou a ficar sempre cheio. Decidimos ir ao Gallo's Bar. Odeio esse bar, uma pocilga de mesas velhas, onde se serve bebidas vulgares e batizadas em copos baratos. Mas, estava tão a fim de sair e de tomar umas biritas que nem reclamei. Chegando lá, já vou me encaminhando pras mesas do fundão, não queria sentar perto da banda e nem daquele amontoado de gente. Sinto nojo das pessoas de lá. Gente feia, com roupas cafonas, só por que estão na serra tiram do armário aqueles casacos horríveis e acham que estão chiques. Esqueceram de avisar que estamos no VERÃO. E depois que bebem, ficam piores do que o pedreiro que conserta a casa deles, pois todo mundo aqui faz obra em casa: aumenta o quarto, faz a churrasqueira, fulana comprou uma casa que tem "varanda gourmet" e vou querer fazer uma aqui em casa! Isso quando não furam o chão e encaixam uma daquelas piscinas de plástico. Enfim, ODEIO o Velhão. No Gallo's, a única coisa que vale a pena é o garçom. Ele é muito gato e sarado. Gato e putão, mas é hetero. Se mulher aparecer lá, ele pega, mesmo em serviço. Um dia vou colocar uma nota no bolso dele e vejo até onde vai a masculinidade dele...


Pedi uma breja e uma garrafa de água (estava morrendo de sede). Depois pedi uma cachaça, uma "canelinha" (sei lá o que é isso, é doce, alcóolico e é a especialidade deles), uma vodca, uma dose de absinto e quando a tequila chegou eu já tinha tomado mais 3 brejas. Depois de anos bebendo de bar em bar e de balada em balada, deixei de ficar de porre, o que me deixa puto. Mas, talvez por efeito psicológico, ainda fico um pouco, como diria, "soltinho"...


Conosco estavam duas amigas, que chamarei de Renata e Isabel. O garçom saradinho tinha dado altas indiretas para as duas, mas tlavez ele tenha achado que uma delas estava comigo, a Renata, já que não saímos da pista de dança. Dançávamos bem perto um do outro, nos esfregando, conseguíamos sentir o perfume um do outro. Estava muito bom...


E o garçom sempre passando.


Isabel não saía da mesa, quieta, tomando seus drinks em copos de dose, iguais aqueles que os botecos costumam servir cachaça. Chamei pra dançar, ela não quis, mas disse que aceitaria um cigarro. Renata ouvindo disse que ia com a gente.
Depois dessa lei anti-fumo, tudo ficou mais chato e complicado. Sair da balada pra fumar é igual meter e gozar num copo. Horrível. Pelo menos os "fumódromos" costumam ser lugares bem animadinhos. Uma vez, no fumódromo da Boogie, vi uma discussão assim:

- Moça, eu não falei nada!
- Você não pode me chamar de ninfomaníaca sendo que você me conheceu hoje!

Bem, nem preciso falar no estado de embriaguez dos dois. Mas voltamos a história da minha balada:


Lá fora, conversa vai e conversa vem, Isabel diz que é lésbica. Nessa hora fiquei puto, tava pensando em dar uns pegas nela. Achei graça, e disse que tinha uma amiga lésbica que era um filé. Quando falei isso, a Renata me puxa pelo braço e diz:

- Você ainda não entendeu que eu tô pegando a Isabel!

Eu ria alto, não conseguia me controlar. Fiquei puto de novo porque também queria dar uns pegas nela. Mas a noite ainda estava começando...


De volta lá dentro, estava dançando na minha quando Isabel levantou, me sentou na cadeira e começou a fazer uma lap dance inacreditável. Todo mundo olhando, inclusive o garçom. Eu queria que ele visse: Olha como eu pego, seu bostinha! Depois do show, continuei sentado e pedi pro mesmo garçom trazer outra breja. Ele foi muito simpático, achou que fosse putão igual a ele. Errou meu chapa, você pega só mulher.
Depois de causar dançando de maneira vulgar com Isabel, Renata fez o mesmo. Depois eu dancei na cadeira pra ela. No fim, estávamos nós 3 nos enroscando na pista, que já começava a ficar vazia, eu estava quase explodindo de tesão. Nessa hora, eu virei, quase sem ar, e achei meia garrafa de whisky que tinha ficado na mesa vizinha. Se eu tivesse deixado lá, eles iam vender a dose depois, ou seja, lucrar duas vezes, pois a garrafa já tinha sido vendida. Eu e Renata não pensamos duas vezes e dividimos a garrafa entre nós. Saímos de lá felizes da vida. Parece que ainda escuto ela dizer pra eu não contar nada pra ninguém. Nem vou contar Renata, fica tranquila...


Na padaria, enquanto tomava meu café, minha amiga não me disse nada a respeito do que eu tinha feito na balada. Apenas disse pra eu tirar os óculos. Nem Deus ia tirar aqueles óculos de mim, minha cara toda tava inchada, estranho quando você bebe, não fica bêbado e fica com aparência de bêbado, que ódio. Voltando pra casa dela, deixei pães doces e salgados (já que tomei banho lá para ir à balada, não custa agradecer) e fui à pé para casa, passando pelo Horto Florestal.


Fui caminhar por lá, sentir o calor da manhã, curando um pouco da minha ressaca. Quando coloco meus óculos, é como se não tivesse ninguém em volta, e posso andar à vontade, passando pelo mundo daquele jeito: vestido de preto, com um óculos tapando meus olhos e carregando uma mala pequena, com alguns poucos pertences (tinha levado meus cremes e meu shampoo pra tomar banho). Caminhei naquela manhã ainda meio detonado da balada, mas o sol me fez me sentir bem. Parei na padaria, comprei cigarros, uns metros antes um velho negro gordo com voz fina me perguntou se "a igrejinha da esquina tá aberta?" Igrejinha, sei, sei pra que santo você anda rezando, seu escroto! Não sei o que isso significa realmente, mas naquele momento no qual eu apenas caminhava, a vida parecia tão simples...

E o garçom? Ficou com uma amiga minha, no fim da balada. Essa se deu bem!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

The Hurricane - SP 1987 : Capítulo II



Dito e feito. Minhas olheiras prejudicaram os vários minutos gastos na frente do espelho com mousse de limpeza, tônico facial, lâmina de barbear, ati-rugas, enfim, toda aquela química. Mas, como também disse, meus óculos me salvaram de mais um defeito de caráter estampado no meu rosto. Hoje não dormi o dia todo, mas o passei na rede, balançando ao sol, com um livro no colo. Estou lendo "Suave é a Noite" de FS Fitzgerald. É o segundo livro dele que eu leio, além de contos. Gosto de como ele torna melancólica toda a euforia que cerca suas tramas. Fica a dica, como se costuma dizer. Hoje também recebi um convite pra sair com uma galera no sábado e possivelmente vou conseguir convites para a SP Fashion Week. Ainda bem que comprei um terno que ainda não usei (modelo de vitrine). Enfim, vejam como 1 ligação salva o dia.

Hoje recebi mais uma mensagem no orkut. Sabe quando você percebe que aquela pessoa que está conversando com você é um dos seus sonhos ou uma fantasia erótica que você tem adormecida dentro de você por muitos anos? Quando comecei a ver pornografia na internet, 2 tipos me chamaram a atenção: os pornôs japoneses e os bears. A pornografia japonesa talvez tenha influenciado meu lado sado, que não separa o sexo da violência, o prazer da dor, o amor da dominação. Já os bears tenham feito com que pensasse em como seria sentir o peso de um homem sobre meu corpo. Sentir seus pelos e seu peso. Foram responsáveis por provocar o ódio que sinto dos efeminados. Nunca acreditei que para se ter um homem na cama fosse necessário ser menos másculo. Enfim, hoje eu conheci um Bear (notem o B maiúsculo), com tudo o que eu sempre imaginei em um: peito peludo, barba, charuto na boca, olhar másculo e CASADO. E digo mais, estudou na mesma escola que eu. Ele é muito legal, curte algumas coisas que eu também curto (tipo se exibir na cam, aliás, ele quer trepar comigo com a cam aberta pra alguém ver, vou adorar, lógico). Como ele mora no interior e eu na capital, ficamos de marcar algo. Vou me esbaldar naquele corpão.

Hoje uma dominadora me adicionou no orkut. Finalmente uma mulher naquele lugar. Ainda não trocamos msn, mas veremos o que o futuro nos reserva.

Minha noite tá uma droga. Minha webcam resolveu parar de funcionar quando um dos caras que eu mais quero estava online. Não acredito em amor, acho isso uma desculpa para uma pessoa justificar a retirada da liberdade da outra. "Você não vai naquela festa porque eu não vou!" "Não gosto dos seus amigos!" Odeio compromissos...

Mas sempre posso mudar de ideia...

Vou chamá-lo de Alemão, talvez por causa da aparência, mas principalmente por ele mesmo se auto-proclamar Alemão. O conheci no orkut, talvez em mais um dia de insônia ou mesmo caçando perfis interessantes, não me lembro bem. Mas lembro da foto daquele avatar: um dorso forte, com os braços levantados escondendo o rosto. As axilas peludas me chamaram a atenção e o adicionei. Algumas semanas depois estávamos teclando no msn em outra madrugada. Ele me disse que era bi, tinha uma namorada e tava de rolo com um cara. Disse que tudo estava perfeito. Mas continuamos conversando, descobri que ele trampava perto de casa, conversamos sobre vários assuntos que não me lembro agora. Mas lembro de algumas palavras que mudaram tudo, que transformaram tesão em paixão: "Estava tudo certo na minha vida, aí você surge, um cara super firmeza, me deixa confuso." Confuso, queria te deixar apaixonado por mim, caído no chão, implorando! Queria ter você! Passei meu celular para ele e depois de umas 2 ou 3 semanas, num sábado qualquer, eu estava num barzinho, tomando uma breja com uns amigos e meu celular toca:

- Alô?
- Alô, é o Capitão? (meu apelido na época)
- Sim...
- É o Alemão...

Alemão me ligou. E me conquistou.

Marcamos de nos ver imediatamente no metrô. Fui lá, caminhando em nuvens e com as pernas trêmulas. Esperei, esperei, esperei...

Ele me ligou uma segunda vez. A namorada tinha aparecido, ele teve que disfarçar e entrar no primeiro metrô que passou, só conseguiu me ligar quando ela foi ao banheiro. Fiquei puto, nunca odiei tanto o metrô de São Paulo, nunca odiei tanto o metrô de qualquer lugar! Jurei nunca mais passar celular e senti ódio de mim por ser tão estúpido. No msn nada se resolveu, disse que ele queria me enrolar e ele saiu. Meses se passaram até eu encontrar outro profile, dessa vez só o torso tatuado, sem as axilas de que tanto havia gostado.

Era ele, meu Alemão. Meu belo de axilas peludas.

Voltamos a teclar, tudo se resolveu. Soube que ele havia terminado com a namorada e está sozinho e carente. Disse que há alguém que quer cobri-lo de carinho e ele não acredita. Diz que quero só o corpo e sexo. Se eu quisesse só sexo, tava feliz, sexo é a coisa mais fácil de se arranjar! Entre no banheiro do metrô Santana depois das 19h. Já cansei de chupar paus por lá! Agora eu quero mais! Seu babaca!!

Ele queria me ver. A webcam não funcionou, o msn caiu e tudo deu errado. Acho que mais uma vez o perdi, o que me deixa triste, e tudo isso foi há menos de uma hora. Até já teclei com outro cara, que deve ter me estranhado um pouco.

 De todos os que conheci, só 2 mexeram muito comigo: uma paranaense e esse cara. Minha paranaense é uma outra longa e triste história, quando decidi não amar ninguém mais. E esse cara...


Sinto vontade de chorar.
Preciso de um cigarro. URGENTE.


***********************************************


Eu poderia ter ido dormir. Desligado esse computador e esquecido o Alemão. Porém fiquei, e algo aconteceu.

Estava cansado de teclar com pessoas de São Paulo e resolvi apelar. Entrei em um chat de Curitiba e conheci o Roger. Alto, malhado, coxas grossas, peludo, 28 anos. Fui bem claro com ele: "Quero me punhetar na cam, vc topa?". Ele topou. Fiz malabarismos aqui para conseguir a iluminação adequada para começar meu show. Ele já tinha ligado a dele e acreditem em mim, o cara era gato. Depois de resolvido o problema começamos a nos aquecer. Eu já estava duro, mas ele não ficava de jeito nenhum. Como ele era passivo pedi para ele me mostrar o cu, e piscá-lo pra mim. Gostei dessa parte, gostei de mandar num grandalhão daqueles, de ver ele se submetendo e falando no microfone, gemendo igual puta. O sotaque insuportável dele ainda está no meu ouvido. Usei meu chicote e nada dopau dele levantar. Aí foi a parte interessante, ele diz: "Tá mole porque eu cherei hoje."

Não é o primeiro drogado que eu vejo na cam. Mas esse é interessante, pois é uma prova do que eu acredito: a maioria desses playboys malhados são cocainômanos. Mas aí vem a pior parte: eu acho isso muito sexy.

Pedi para ele cheirar uma fileira na cam, ele não topou (até falei que queria ver pq tava sem cheirar há 1 mês, o que é mentira, me conhecendo bem eu iria me viciar nessa porra muito fácil e acabaria vendendo tudo pra comprar pó, e se tem uma coisa que eu tenho apego, são os meus bens). Ele curtiu meu chicote e disse que pegaria, como ele chamou, os "consolos" que ele tinha trancados num armário. Curti a ideia, e me deixei levar, afinal, sempre sou eu o humilhado, mesmo que de livre e espontânea vontade. Ele foi e não voltou mais.

Nunca confie em um drogado, uma hora ele vê o pó ali, em cima da mesa e esquece de você, do mundo ao seu redor e não consegue nem trepar. Mas uma coisa eu digo, enquanto o preço do pó continuar caro, ainda poderemos ver gente bonita e malhada se acabando nessa porcaria. E eu ainda vou continuar achando sexy comer um cara enquanto ele cheira pó. Mulher drogada é estranho, sei lá, sou um pouco machista, acho que existem coisas que ficam bem nos homens. Mas adoro uma mulher fumante. Vê-la soltando a fumaça com elegância, que lindo.


Mas maconheiro merece morrer. Droga nojenta, pobre, fedorenta.


Hoje levei bolo do Alemão e do Roger, meu drogadão gostoso.


Que sono, pelo menos ele me fez gozar, ontem não consegui. Agora que lembrei que amanhã preciso ir ao banco ver o estado da minha conta corrente. Antes de viajar torrei tudo o que podia, agora preciso lidar com as consequências. E ainda tenho que arrumar essa bagunça toda aqui.

Mas antes, ainda fumarei outro cigarro, na santa paz do meu jardim.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

The Hurricane - SP 1987 : Capítulo I



Se algum dia me perguntarem o que eu achei dos meus 23 anos de vida, eu iria dividir em muitos períodos para poder responder tal pergunta, afinal, não somos os mesmos, não nascemos prontos, não convivemos sempre com as mesmas pessoas e muito menos temos as mesmas preferências. Mas não quero responder essa pergunta, não é minha ideia fazer isso neste espaço e muito menos contar minha vida desde os primórdios de tudo. Conto fatos reais, mas nada biográfico.

Vivo rápido, correndo de um lado para o outro, casa, trampo, facul, casa, trampo, facul, casa, trampo, bar, balada, táxi, casa. Muitos de vocês tem a mesma vida ordinária que eu tenho, afinal, nada mais padronizado e monótono do que a classe média. Sim, também sou parte dela, como a maioria de vocês. Poderia dizer que as camadas mais baixas também possuem uma vida parecida, mas pensem comigo: pra começar eu moro em um desses condomínios fechados que foram criados para a classe média/alta se isolar do entorno pobre e deselegante (vejo árvores e esquilos da janela do meu quarto), o seu trampo não é lá essas coisas (eu trabalho em uma empresa muito famosa em uma posição de destaque), sua faculdade é uma daquelas particulares que têm a mensalidade próxima a de um colégio de elite, e acredite, não vai oferecer a formação que uma das faculdades públicas vai te oferecer, mesmo que seja apenas o nome no currículo (faço a Universidade de São Paulo) e por fim, os bares e baladas que vocês vão não aparecem no guia dessas revistas famosas (esse ano TODAS as baladas que eu fui constaram em 2 desses guias). Enfim, prazeres que só a classe média usufrui. E a classe alta? O que dizer da classe alta brasileira? São nojentos. Uma elite composta de PUTAS, JOGADORES DE FUTEBOL, CANTORES FAJUTOS, INTELECTUALÓIDES, TRADICIONALISTAS IMBECIS e outras escórias sociais não produz bons frutos nem bons textos. Como faço parte da classe média, escreverei sobre coisas que vi e vivi dentro dela. Vocês entenderão.

Nesta noite estou sem sono. Dormi o dia todo, acordei só pra fumar e comer. Cheguei de viagem ontem, alugamos um sítio enorme para passar 1 semana de dias na piscina e noites de festas. Um dia escrevo sobre isso. Mas hoje, quando decidi escrever esse texto às 5:12 da manhã, não foi pra contar a merda do meu dia, afinal, foi normal: acordei, escovei os dentes, tomei café, fumei, dormi, fumei, jantei, assisti as notícias e fui me masturbar na webcam pro primeiro idiota que estivesse online. Essa foi a parte interessante, mas nada anormal.

Na internet, quando vocês vão dormir, é a hora de caçar esses trouxas. Homens casados, jovens universitários, bichinhas safadas, gordos que não levantam da cama nem pra trepar. Digo mais, os não-assumidos são os que mais povoam o chat do UOL. Hoje um carinha me mandou um depoimento no orkut me pedindo o msn. Passei logo de cara, afinal o cara parecia curtir uma sessão sado (coisa que eu adoro). Teclamos um momento, descobrimos que moramos perto e temos a mesma idade e me provou que não me arrependeria de teclar com ele, afinal além de sado ele é lindo. Liguei a cam, apesar de ele não ter, tirei minha roupa na frente dela e peguei meu chicote e claça de montaria (branca, da Horse Riding). Esfreguei meu pau na cam e ele disse que gostou peguei o celular dele e prometi ligar.

Não vou ligar porra nenhuma. Já me diverti, poderia ter me divertido mais, porém o irmão dele entrou no quarto e ele teve que sair do msn. Não quero mais esse cara. Amanhã há de ter outro(a) trouxa na internet querendo ver meu pau. Sinto nojo algumas vezes. Nojo dessas pessoas procurando sacanagem em uma tela minúscula e nojo de mim por alimentar esse vício. Isso me deixa puto, me faz levantar da cadeira de couro e ir fumar no jardim da minha casa. Faz com que eu beba todas as latas de Guinness da geladeira (porque cerveja nacional já tomo o suficiente no barzinho que vou nos fins de semana) e me faz escrever com ódio de mim mesmo por gastar tempo com sexo que eu não aproveito e dinheiro para me tornar visualvelmente menos repulsivo para mim mesmo. Falem o que quiser, mas se um dia vocês me verem com meu terno novo (que, falando nisso, preciso mandar para o alfaiate fazer a barra), com meu cabelo cortado e meu rosto impecavelmente cuidado, vocês iriam concordar comigo.

Que ódio, nenhuma garota online hoje no meu msn, só esses caras e ainda por cima só 2, pq o resto já bloquiei. As únicas garotas que geralmente me dão atenção são as vendedoras das lojas que eu frequento. Faça uma experîencia: entre no Boticário e pergunte sobre cremes para o rosto. Não vale para as mulheres, por que nada mais trivial do que mulher comprando cosméticos. Homem quando compra cosméticos e mantém sua masculinidade (mesmo que você gema feito puta enquanto dá pra outro cara) as vendedoras adoram, tenho o celular de 3 vendedoras da TNG, o msn de 2 do Boticário e o celular de 1. Já nas baladas, um dândi como eu só atrai olhares masculinos! Por isso que eu penso muito naquele título do Machado de Assis: "A queda que as mulheres tem pelos tolos". Enquanto os tolos estão por aí, passo por cima disso tudo e continuo sozinho. Na classe média, casar não é preciso, fazer grana é. Enquanto faço meu dinheiro, posso muito bem me punhetar para homens e mulheres na internet. Quero que me olhem, que saibam que não vão ter, que vejam como eu sou puto, como eu visto e dispo minhas boxers Forum, Calvin, TNG. Quero que se FODAM, todos eles. Quero que se fodam os tolos procurando sexo nas baladas, as meninas que sonham em casar com o professor, as donas de casa q abrem as pernas pra outra dona de casa nas webcams. FODAM-SE!

E digo mais: este não é um blog GLS sobre as desilusões gays de um jovem mimado. Também quero que esses tipos efeminados se fodam. Pego HOMEM, MULHER, só não pego criança, porque quem faz isso merece morrer. Não restrinjo minhas opções. Sou um cara aberto a todo tipo de experiência, só não sei aproveitar bem tal opção. Diria-me bissexual, mas fodam-se os títulos.

Já são quase seis horas, o que significa que irei dormir daqui uma hora, pois ainda vou fumar, tomar banho e passar meu creme anti-rugas noturno, que foi feito para alguém 10 anos mais velho que eu, mas funciona muito bem em mim e ainda é um ótimo hidratante facial. Amanhã provavelmente vou estar com olheiras, o que me deixa puto. Mas meu Chilli Beans ENORME vai resolver isso, o que me deixa feliz.

Enfim, isso me lembra uma série de fotos pornôs da década de 1920, uma das minhas coleções, que tem o título: "Life goes on". Um bom nome para uma série de 69's acrobáticos.
Quem dera minha vida fosse assim...